domingo, 17 de agosto de 2008
Coluna SNC
Edição 015
Os circuitos do GCM III - Cruisin' USA
Parte 2
Round 4 - The Monster Mile
Dover International Speedway
Dia 14/09/2008
Dover International Speedway é um circuito oval localizado na cidade de Dover, no estado americano de Delaware. Chamado antigamente de Dover Downs International Speedway, faz parte de um complexo que possui uma pista para corridas de cavalos na parte interna do circuito (Dover Downs Track) e, na parte externa, o Dover Downs Hotel & Casino.
Com sua extensão de 1 milha e capacidade de 140 mil espectadores, o que diferencia Dover dos demais circuitos é o tipo de piso no qual são realizadas as carreras. Enquanto os demais circuitos são feitos de asfalto, toda extensão do circuito de Dover é feita em concreto, exceto pista de rodagem e nos boxes, que é feita de asfalto. Ou seja: perder o controle do carro quando você sai do concreto para o asfalto é mais do que normal, já que a aderência destes dois compostos é totalmente diferente.
A melhor maneira de descrever Dover e o porque do seu apelido é olhar para a lista dos vencedores entre os anos de 1969 a 1996. Das 25 corridas realizadas neste circuito, 23 foram vencidas por pilotos que se consagraram ou que iriam se coroar campeões da NASCAR. Entre os maiores vencedores estão "The King" Richard Petty e Bobby Allison, cada um com sete vitórias.
"Carinhosamente", este oval recebeu o apelido de Monster Mile (ou Milha Monstro) por ser o oval de 1 milha mais rápida do mundo (mais rápido até que o oval do Texas). Por ano, Dover recebe 5 eventos da NASCAR sendo 2 da Nextel Cup (uma durante a temporada normal e outra no Chase for the Cup), 2 da Busch Series e 1 da Craftsman Truck Series. Este circuito também já recebeu uma prova da USAC (1969) e duas da IRL (1998 e 1999)
Duas outras grandes curiosidades fazem de Dover ser único. O que dizer de uma ponte atravessada por cima do circuito? Pois é, a "The Monster Bridge", localizada na reta oposta de Dover, representa, segundo os administradores do circuito, "a convergência final da criatividade e da tecnologia no esporte". Com visão panorâmica de todo o circuito, "The Monster Bridge" possui os mesmos tipos de assento que são utilizados em teatros. Pensam que termina por aqui? Nada disso. O vencedor de cada corrida é convidado a autografar o assento no qual corresponde ao número do seu carro vencedor.
Se a "The Monster Bridge" já caracteriza Dover como exceção nos circuitos espalhados ao redor do mundo, o que dizer de Miles, o Monstro? Criado no ano de 2000, o mascote da Milha Monstro, lembra muito dois dos personagens mais "grotescos" do Mundo Marvel: o Incrível Hulk e o Coisa, do Quarteto Fantástico. Sempre presente em cartazes, planfletos, flags, camisas, bonés e quaisquer outros tipos de suvenirs vendidos em Dover, Miles ganhou "vida": uma escultura do mascote foi inaugurada este ano, em comemoração ao quadrigésimo aniversário do circuito. Na cerimônia, para se ter dimensão da importância do circuito, contou com a presença do prefeito da cidade e do governador do estado de Delaware.
Localizado na direção da curva 4 do circuito, a escultura mostra Miles como se estivesse saindo da pista de Dover e pegando por sote um carro da NASCAR (que é de tamanho real, que proporciona uma ótima referência de escala do tamanho do monstro), a ponto de destruir o carro, da mesma forma que o circuito destrói as esperança dos pilotos da NASCAR ao ousarem a desafiar o circuito de Dover. E a base do monstro é um espetáculo a parte: revestida de placas de granito que homenageiam todos os pilotos que venceram em Dover, separados por categoria e ano, desde sua inauguração. A base é tão grande que há espaço para os vencedores até o ano de 2035. O administrador do circuito, Joe Heller, avisa aos 'espertinhos' que ousam um dia danificar Miles. "Ele é osso duro. Você pode até bater nele com uma marreta. Sabe o que vai acontecer? Provavelmente, você vai sofrer mais danos do que ele", lembrando que Miles é todo feito em concreto, pesando 20 toneladas e com 15 metros de altura.
Round 5 - Daytona Beach
Daytona International Speedway
Dia 21/09/2008
Daytona International Speedway é um circuito oval localizado em Daytona Beach no estado americano da Flórida. Possui 2,5 milhas em um formato tri-oval com incríveis inclinações de 31° nas curvas. E quão íngreme são 31 graus? É só pensar em uma montanha de esquiar. Se a inclinação não fosse tão íngreme, os carros sairiam voando da pista quando estivessem a velocidade máxima nas curvas.
Daytona também possui um circuito misto interno com 5,7 km e um lago com 178 mil m² no centro. Acomoda mais de 150 mil espectadores para prestigiar todos os eventos realizados.
No circuito é disputada as 24 horas de Daytona, evento semelhante as 24 Horas de Le Mans, e recebe 7 eventos da NASCAR, entre elas a principal prova da temporada que é as 500 milhas de Daytona abrindo o campeonato da Nextel Cup. Realizada desde sua inauguração em 1959, essa prova é conhecida nos Estados Unidos como 'The Super Bowl of NASCAR' tambem em referência a final do Futebol Americano e de igual maneira como 'The Great American Race' (A Grande Corrida Americana). Lee Petty venceu a primeira edição da prova tambem em 22 de Fevereiro. Seu filho Richard é o maior vencedor, com 7 vitórias. Atualmente essa prova oferece a premiação de mais de 1 milhão de dólares ao vencedor.
Em 1934, um mecânico chamado "Grande Bill" France mudou-se de Washington para Daytona. E a única coisa que France gostava de fazer mais do que consertar carros era disputar corridas com eles. Ele, como um verdadeiro visionário, olhou além da areia e viu o futuro. As areias niveladas e maciças de Ormond Beach, na Flórida, seriam um local perfeito para descobrir a que velocidade máxima um carro de corrida poderia chegar. Desde então, corridas de praia na área de Daytona viraram uma febre.
Em 1955, ele anunciou seus planos para construir o gigantesco autódromo Daytona Beach Motor Speedway (que hoje é chamado de Daytona International Speedway). Quatro anos depois, aconteceu a primeira Daytona 500. A obra ocupava 377 hectares de terreno pantanoso, terminou em 1959 e custou uma fortuna nessa época: três milhões de dólares.
E foi o próprio France quem fundou a NASCAR (Associação Nacional de Corridas de Stock Car) e começou a organizar o que antes era um esporte sem regras. Como France morava em Daytona e sua pista também estava lá, nada mais lógico do que construir a sede da NASCAR nessa cidade da Flórida também.
E Daytona provou ser o local ideal para o centro administrativo da NASCAR. A Daytona 500 abre a temporada da NASCAR todo mês de fevereiro, um momento do ano em que muitas outras pistas ao redor do mundo estão cobertas por gelo e neve, oferecendo aos fãs a chance de escapar do inverno e ter sol, surfe e velocidade.
Para os vitoriosos, a glória e a fama eterna. O vencedor de cada corrida de NASCAR recebe na "Victory Lane" o troféu "Harley J. Earl Daytona 500" como prémio. Earl foi engenheiro e desenhista industrial da General Motors entre 1927 e 1959. Sua interseção com a categoria norteamericana deve-se ao fato dele ter projetado o saudoso Firebird I, utilizado nos primórdios da categoria.
Entretanto, Daytona 500 só virou uma febre americada 20 anos após sua prova inaugural. A Daytona 500 de 1979 é considerada um dos marcos na história da Nascar, pois foi a primeira prova televisionada inteiramente ao vivo. Nessa época, eram comuns compactos transmitidos depois das provas, ou então a transmissão em tempo real apenas da largada e do quarto final da corrida. E foi neste ano que ocorreu o primeiro "the infamous fistfight", quando dois pilotos saem aos tapas depois de um acidente
Donnie Allison era o líder na última volta, quando ele e Cale Yarborough acabaram se tocando na reta oposta do circuito e batendo no muro, dando a vitória de presente para Richard "The King" Petty. Os dois começaram a discutir ainda no local do acidente, e quando tudo parecia resolvido, Bobby Allison parou seu carro ali mesmo e iniciou uma briga que foi amplamente transmitida pela televisão.
Essa confusão é considerada uma das grandes responsáveis para a popularização da Nascar nos EUA. Muitos dizem que, pela primeira vez, a categoria foi o assunto principal nas conversas de segunda-feira por todo o país.
Round 6 - Indianapolis
Indianapolis Motor Speedway
Dia 28/09/2008
O Indianapolis Motor Speedway é um dos mais antigos circuitos dos Estados Unidos. Construído em 1909 e feito inicialmente de pedras, o formato da pista é um retângulo com os vértices arredondados possuindo 2 retas grandes com 1000 metros de extensão, 2 retas curtas com 200 metros cada e mais 4 curvas cobrindo 400 metros chegando a um total de 4000 metros (4 Km) ou 2,5 milhas. Foi em Indianapolis que o termo "speedway" surgiu, pois era o primeiro circuito construído neste modelo.
Devido aos inúmeros acidentes provocados pelas pedras ferindo pilotos e espectadores, o circuito ganhou uma camada de tijolos cobrindo toda a extensão da pista. Por isso, até hoje o IMS é chamado de "brickyard". Entretanto, o circuito ganhou notoriedade mundial apenas quarenta anos após sua construção, durante os 11 anos (1950-1960) em que as 500 milhas fizeram parte do calendário da Fórmula 1.
No fim dos anos 90, graças a iniciativa de Tony George, Indianápolis passou a sediar provas da NASCAR. E, para receber a Fórmula 1 novamente, um mega projeto para construção de um circuito na parte interna foi idealizado. Até que, em 2000, para o delírio dos fãs do automobilismo, Indianapolis recebia novamente a Fórmula 1. O alemão Michael Schumacher é o maior vencedor da história do circuito misto de Indianápolis: venceu o Grande Prêmio dos Estados Unidos de Fórmula 1 em 2000,2003,2004 e 2005. Foi lá também que Mika Häkkinen conquistou, em 2001, a sua última vitória.
Já no circuito tradicional, três pilotos dividem a glória de terem vencido por quatro vezes em Indianapolis. A.J. Foyt, Al Unser e Rick Mears possuem, cada um quatro vitórias.
O Brasil não fica de fora nesta lista: Rubens Barrichello venceu o Grande Prêmio dos Estados Unidos de Fórmula 1 em 2002. Emerson Fittipaldi venceu as 500 Milhas nos anos de 1989 e 1993, assim como Hélio Castroneves (2001-2002) e Gil de Ferran (2003).
Como curiosidade, apenas um piloto nestes 97 anos de história de Indianapolis Motor Speedway disputou esta prova pela IRL, NASCAR e Fórmula 1: Juan Pablo "Gordito" Montoya
Indianapolis sofreu muito nestes 97 anos. Foi base militar americana durante a I Guerra Mundial, teve sérias complicações no início da década de 30, com a recessão da bolsa americana e, com o cancelamento de todas as atividades esportivas durante a II Guerra Mundial, o circuito foi abandonado. Especulado na época que o espaço iria se tornar um grande empreendimento imobiliário, o circuito foi vendido por uma bagatela de 750 mil dólares em 1945 em estado precário, com arquibancadas destruídas e piso totalmente danificado. Entretanto, para 1946, reparos emergencias foram feitos em Indianapolis para que o tradicional circuito recebesse a prova.
Depois desta fase conturbada, Indianapolis so cresceu ao longo dos anos. Tanto que, ainda com o traçado todo em tijolos, Alberto Ascari participou da prova com uma Ferrari. Pena que o pentacampeão mundial de Fórmula 1 Juan Manoel Fangio desistiu de participar da prova em 1958, que anos 50 era considerada a prova americana mais perigosa. Para se ter idéia, dos 33 pilotos que se inscreveram para a prova de 1953, 16 deles morreram devido a acidentes ao longo do fim de semana.
O processo de pavimentação de Indianapolis começou ao fim da prova de 1960. Em outubro de 1961, o último tijolo restante foi retirado, com exceção da faixa de 1 metro existente até hoje na linha de chegada. Com isso, uma onda de pilotos da Fórmula 1 foram tentar a sorte em Indianapolis na década de 1960, com seus carros europeus equipados com motores traseiros, revolucionando o cenário do automobilismo norte americano. Com a vitória incontestável de Jum Clark, com seu Cooper em 1965, os americanos tomaram ciência de que esta era o caminho certo para construírem carros melhores para suas competições. Graham Hill venceu no ano seguinte, na sua primeira tentativa, e se tornou o único piloto a conquistar a tríplice coroa, vencendo o Grande Prémio de Mônaco, as 500 Milhas de Indianápolis e as 24 Horas Le Mans.
Curiosamente, entre 1970 a 1981, Indianapolis tinha um concorrente na cidade de Ontario, Califórnia. Batizado de Ontario Motor Speedway, este circuito possuía o mesmíssimo formato de Indianapolis, tanto que ficou conhecido como "Indianápolis of the West", palco das 500 milhas da Califórnia. Entretanto, não houve aceitação do grande publico, tornando-se um verdadeiro fracasso financeiro.
Agora, por quê Indianapolis saiu do calendário da Fórmula 1? Para entendermos, vamos pensar com o bolso. Ecclestone cobra dos organizadores das etapas do campeonato entre US$ 20 e US$ 30 milhões por edição. As últimas nações a entrar no calendário, como China, Turquia e Bahrein, são as que mais pagam. Para se ter idéia, o valor pago pelos promotores brasileiros está na faixa dos US$ 22 milhões. Para atender os interesses das equipes do seu espetáculo e para viabilizar George investir cerca de U$ 50 milhões na construção de um novo circuito. Assim, George pagou nos sete anos em que a Fórmula 1 se apresentou no seu autódromo US$ 10 milhões por ano.
Isso criou, com os anos, um grande desconforto em Ecclestone, que passou a depreciar o evento. Na semana da última edição do GP dos Estados Unidos, quando as reuniões para tentar viabilizar a sua permanência do calendário estavam ainda apenas agendadas, o dirigente inglês saiu-se com: “A Fórmula 1 não precisa manter-se nos Estados Unidos.”
Tudo fazia parte de uma plano de mostrar a George que, agora, se desejasse manter o Mundial na sua pista teria de pagar como os outros. Entretando, seus planos foram por água abaixo em 2005. Num dos maiores fiascos da sua história, a Michelin levou para Indianápolis pneus que não suportavam as solicitações mecânicas da curva 13, a pertencente ao traçado oval. O grau de inclinação da pista é elevado. Como as paredes do pneus eram macias demais para o nível de tensão submetido, essa parede dobrava e, acredite, encostava no asfalto, já que a pista subia, pela sua inclinação.
Isso gerou a explosão dos pneus de Ralf Schumacher e Ricardo Zonta. Conclusão: as sete equipes que utilizavam pneus Michelin não puderam disputar a corrida. Apenas os seis pilotos dos times Ferrari, Jordan e Minardi, os da Bridgestone, largaram, sob vaias intensas de cerca de 100 mil espectadores.
Infelizmente, foi a Fórmula 1 que perdeu Indianápolis e não Idianápolis a Fórmula 1.
Postado por Gran Chelem Motorsports às 12:24
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